Odontologia veterinária, da saúde bucal às cirurgias mais complexas

Odontologia veterinária, da saúde bucal às cirurgias mais complexas

A saúde dos cães e gatos tem a mesma complexidade da humana e exige cuidados em todo o organismo do animal. E isso, como não poderia deixar de ser, também se refere aos dentes.

A atenção com a boca desses bichinhos deve ser contínua com um acompanhamento que tem início nos primeiros meses de vida. E esse é mais uma das especialidades disponíveis aos clientes do Hospital Bichos do Sul.

De acordo com o médico veterinário, Alexandro Ayala, a odontologia veterinária é muito ampla e abrange desde a profilaxia na higiene bucal até as cirurgias mais complexas.

“A prevenção é uma forte aliada contra as doenças da boca. Ensinamos o tutor do animal desde a primeira consulta. Juntamente com as primeiras vacinas, já damos a orientação de como fazer a higienização e escovação dos dentes do cão, que é muito comum apresentarem a placa bacteriana, o tártaro e outras doenças periodontais”, explica.

Tártaro

Segundo Ayala, o que mais acomete os animais é a doença periodontal, que leva ao tártaro. Diferente dos humanos que vão ter em idade avançada, meia idade em diante, em animais o tártaro começa cedo e é a principal doença dos cachorros e gatos.

No Hospital Bichos do Sul, o atendimento nessa especialidade passa pela limpeza com ultrassom e polimento dos dentes, tudo no sentido de estabelecer um alisamento do dente para evitar depósito de sujidades, como a placa bacteriana e o tártaro, assim como tratamento de canal, endodontia e aplicação de flúor.

Cirurgias buco-faciais

“Aqui no Hospital fazemos as intervenções cirúrgicas buco-faciais na cavidade oral, na mandíbula e maxila e, também, no pescoço”, relata Ayala. A profilaxia dentária é feita com anestesia geral, inalatória, que é a mais segura e oferece um retorno anestésico mais rápido.

Antes da cirurgia, o animal passa por uma série de exames laboratoriais, todos realizados no próprio Hospital, com avaliações pré-operatórias de sangue e avaliação clínica e física.

Conforme Ayala, as fraturas nessas regiões são casos frequentes da emergência. São ocorrências que podem ser tratadas com cirurgia, fisioterapia e cuidados na recuperação. “Mas infelizmente já soube de atendimentos em outras clínicas veterinárias onde os profissionais optaram pela eutanásia do animal. E é possível tratar do bichinho, e ele se recupera”, comenta.

Os tratamentos na odontologia veterinária também passam por situações mais graves, as neoplasias, o câncer, que podem exigir cirurgias oncológicas na boca do animal. Por outro lado, os tumores da cavidade oral podem ser tratados sem uma intervenção cirúrgica. “Para essas profilaxias, o Hospital Bichos do Sul oferece um tratamento revolucionário, a eletroquimioterapia, uma técnica nova, mas muito eficiente, que em muitos casos resulta na cura total do câncer”, frisa.

Conforme Ayala, o tratamento é um grande aliado quando se trata de neoplasia, pois a boca do animal apresenta a particularidade de ter pouco tecido para reconstrução do defeito cirúrgico. “Então, o planejamento cirúrgico é determinante nestas condições”, destaca. Na eletroquimioterapia, são colocados eletrodos que emitem ondas elétricas no animal anestesiado. O tratamento já é um sucesso no Brasil e no mundo.

Sintomas da doença

Ayala fala dos sintomas que surgem no cão ou no gato quando possui uma doença periodontal. “Geralmente, o bichinho começa a salivar muito, tem dificuldade de apreender o alimento, fica coçando a boca e perde o apetite, pois na hora de comer sente dor”, indica. Segundo o médico, cachorros praticamente não têm cáries, mas são bem comuns a placa e o tártaro.

E essas placas bacterianas, se não eliminadas, podem resultar em enfermidades para o animal, como inflamação da gengiva e do ligamento periodontal, infecção, abcessos e, em alguns casos, perda dos dentes e bastante dor. O ideal é levar o animal a uma consulta para ver em que grau se encontra a condição dos dentes.

Ayala chama atenção para o combate à placa bacteriana e ao tártaro e a importância de um atendimento e acompanhamento completos. “A parte principal do tártaro não é aparente e, sim, está abaixo da gengiva, o tártaro subgengival. Esse é imprescindível de ser retirado na limpeza e não apenas o que está aparente nos dentes. Se for deixado de lado, certamente pode ter como consequência a destruição de ligamentos, por exemplo”, reforça.

Infecção no coração

E os males ao que os cães e gatos estão sujeitos não param por aí. A placa bacteriana e o tártaro não tratados podem ter resultados mais graves na saúde do animal. “Pode dar uma infecção no coração ou no rim. As bactérias que passam pela boca acabam se alojando nesses órgãos. E podem até matar o animal”, alerta.

O veterinário salienta que a prevenção se faz com a escovação diária. “Deve começar desde filhote, e incentivar o animal com petiscos e carinho. Iniciando desde a tenra idade, o bichinho vai se acostumando e aceita mais naturalmente a higienização”, aconselha.

O médico adverte que se não houver esses cuidados, a partir dos dois ou três anos de idade já começam a aparecer os problemas. “Se perdeu um dente, é bem possível que seja por uma doença periodontal, que atinge geralmente as raças pequenas e é progressiva”, frisa.

Dentes descidos

No Hospital Bichos do Sul também é feita a extração dos dentes descidos ou os que não caem a partir dos sete meses, os chamados dentes de leite. “É preciso que a conformação esteja toda certa no animal, para que não haja uma falha no sistema de autolimpeza”, explica.

“Mas de qualquer forma esses dentes ainda irão acumular detritos alimentares e devem formar a placa bacteriana até o tártaro”, descreve. Outro sinal deste problema é o odor fétido na boca do animal. “O mau hálito não deve ser uma característica comum”, especifica.

E, certamente, todo esse cuidado da boca do animal reflete no seu comportamento. Segundo Ayala, as doenças periodontais são silenciosas. “Muitas vezes, a evolução é lenta e o tutor do animal acaba por não ter o hábito de observar a boca do seu bichinho”, comenta.

“É muito comum recebermos na clínica um cachorro com uma doença periodontal grave e o dono acha que o bichinho está apenas velho, mais quietinho. Na verdade, o animal sentia dores por causa de suas condições dentárias. Quando fazemos os procedimentos para tratar dessas doenças, os tutores nos questionam sobre o que a gente fez. Eles dizem: Parece que trocou a pilha do cãozinho, ele parece outro, voltou a ser criança. Está feliz, brinca, interage.”

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